Ao mesmo tempo que o PIB brasileiro cresceu 0,9%
a.a. (em termos reais) no período 2010-2015, o número de
empresas que entraram em recuperação judicial tem aumentado 20% a.a. no
mesmo período, vítimas das sucessivas convulsões da economia brasileira. No primeiro cuatrimestre de 2016, o número de empresas que entraram em recuperação
judicial subiu para 1.110, um 84% superior quando comparado
com o mesmo período de 2015 – que já tinha sido bastante ruim.
A queda de desempenho da empresa pode
ter origem em diferentes eventos ocorridos ao longo de vários anos, embora
haja situações em que um evento extraordinário interno ou externo pode
colocar um negócio em perigo. Exemplos de eventos extraordinários incluem:
fraude (ex.: Enron, WorldCom), falha do produto, perda de financiamento, a
falência de um grande cliente ou fornecedor, e desastres naturais ou feitos
pelo homem.
Um estudo publicado em 2014 pela
Turnaround Management Society que entrevistou mais de 400 gestores de
restruturações revela que a maioria das crises são causadas por erros
no top management. Segundo o estudo, as 3 principais causas de uma crise na
organização são:
- A gestão continuou com uma estratégia que
já não estava funcionando para a empresa (55% das respostas);
- Perderam o contato com o mercado e seus clientes e não querem se adaptar às mudanças que
ocorrem ao seu redor (52%);
- Foram tomadas decisões estratégicas erradas (39%) por causa da falta de uma estratégia
clara.
Normalmente, se uma empresa está
nos estágios iniciais de crise, em seguida ela irá mostrar os
seguintes sinais de dificuldades financeiras:
- Redução significativa dos níveis de caixa, com empréstimos no nível máximo (ou próximo);
- Fornecedores começando a requisitar antecipação
de recebimentos;
- Redução dos níveis de margem operacional e/ou de
lucro (além do histórico).
Muitas vezes, estes sinais são
sintomas de problemas operacionais ou estratégicos subjacentes dentro
da empresa. A menos que estes sintomas sejam rapidamente abordados e
invertidos (ex.: através de um plano de recuperação), o
negócio pode entrar em um círculo vicioso de declínio - terminando em
recuperação judicial e/ou liquidação.
O autor é sócio da RBS Consultoria, especialista em planejamento estratégico, reestruturações, e gestão de projetos.